13.1.12

{10 razões para voltar a Roma} As escolhas do coração, estômago e cérebro

Roma

Voltar a um lugar conhecido que nos tratou bem é um conforto que nem sempre se repete. Volta-se muitas vezes na procura do que não se viu e na ânsia de repetir as boas experiências. Carregam-se anotações mentais do que não pode faltar e o desejo secreto que as boas recordações não estejam contaminadas pelo tempo de espera. É um misto de desejo de aventura e novas descobertas, por um lado, e de que tudo se mantenha inalterado, por outro. Crio com as cidades da minha vida laços difíceis de quebrar e os meus sentimentos em relação a elas são guardados em compartimentos protegidos a que volto uma e outra vez para limpar o pó e rearrumar memórias. É um processo que se desenrola entre o prazer de reviver momentos e um sentimento de falta. Uma espécie de doce tortura auto-infligida. Benvenuti a Roma!

Estive na capital italiana uma única vez na vida. Espero voltar. Nem que seja pela Dolce Vita e mais umas 10 razões que aqui deixo. São escolhas do coração, estômago e cérebro. Por esta ordem ou por outra.

Cappucino



1. Café [caffè]. Só há, na minha opinião, um país que pode ombrear com Portugal na qualidade do café servido um pouco por todo o lado: Itália. Bebi dos melhores espressos em Roma, assim como o sempre popular cappuccino (aqui sem o cacau sobre o creme).

2. Croissants [cornetti]. Já me confessei fã dos croissants franceses, estaladiços e leves. Os cornetti são mais doces e menos ricos (talvez por o rácio de gordura ser bastante diferente e a versão italiana ser feita com óleo em vez de manteiga). Fica o desafio: croissants ou cornetti?


Piazza Navona, Roma
Gelato!

3. Gelado [gelato]. Diz-se que em Portugal devemos aos italianos a expansão do gelado pelo país, depois de os Árabes o terem trazido para a Europa graças aos Chineses. Factos históricos à parte, o que posso dizer é que os Romanos guardam o seu gelato perto do coração, mais propriamente na barriga! E como em Roma Sê Romano não há como provar (quase) todos.


fritti

4. Fritos [fritti]. Uma surpresa vindo de quem não aprecia particularmente os encantos das frituras. Recomendo vivamente a fiori di zucca fritti alla romana, que é como quem diz flores de curgete fritas envoltas em tempura, e (os preferidos da minha outra metade) suppli al telefono, feitos de arroz de tomate com mozzarella derretida. Aliás, o nome vem do queijo que estica e se enrola quando se dá uma dentada no supli e que é semelhante (quando estes ainda os tinham) aos fios de telefone em espiral.


pomodori

5. Mercados [mercati di Roma]. Eu sou viciada em mercados. Voltaria sempre ao Campo de’ Fiori (a funcionar de Segunda a Sábado, das 06:00 às 14:00) para ver as bancas de vegetais e todos os produtos alimentares, desde pastas a cogumelos e tomate seco. A praça está sempre repleta de animação e as padarias e restaurantes em volta oferecem um pouco de tudo. Para um almoço simples, nada como o Obikà Mozzarella Bar, um restaurante em que a Mozzarella di Bufala Campana DOP é rainha.


pizza

6. Pizza. Esta escolha é tão óbvia que quase parece uma redundância. E para que não seja, vou precisar a minha escolha. Pizza de fiore di zucca com anchovas. Uma pizza bianca (sem tomate) comida numa pizzaria movimentada numa noite de quase Verão. A pizza romana tem uma base fina e estaladiça que confesso ser a minha predilecta.


birra

7. Cerveja [birra]. Vindo de quem não é especialmente adepta da dita. Em Roma encontra-se excelente vinho (mais do meu apreço) mas as cervejas artesanais e outras não são menos especiais. Esta birra Moretti tem a particularidade de ter uma garrafa bonita e uma cor para lá de fantástica. E (surpresa) combina perfeitamente com pratos de pasta e tomate, risottos e queijo. Vá-se lá saber porquê.


Chicória // Radicchio

8. Chicória vermelha [radicchio rosso di Treviso]. Sim, vale a pena fazer uma viagem por causa de um vegetal. Mas não um vegetal qualquer. É vistoso, antioxidante e delicioso. Serviram-me em bruschetta e salada mas surge muitas vezes em risotto e lasagna. Aparentemente comer chicória vermelha é promessa de apetite e boa digestão. Só vantagens.


Crostata di marmellata

9. Tarte de compota [crostata di marmellata]. Uma tarte feita apenas com massa que se desfaz e uma camada fina de compota de fruta. Como todas as coisas simples depende da qualidade dos ingredientes e de um cuidado especial na confecção. A da fotografia era de doce de cerejas (na altura da minha visita, fruta da época) que comi com umas quantas frescas. Fica uma receita, crostata com compota de maçã e baunilha, mais apropriada para os meses frios.


pasta

10. Pasta. Novamente no limite da redundância, importa concretizar. Talvez a minha escolhida seja pasta all'amatriciana, um molho de tomate feito com bochecha de porco curada e queijo pecorino. O nome vem da cidade de Amatrice na Lázio. O molho Amatriciana foi declarado Prodotto agroalimentare tradizionale (P.A.T.) da região.