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20.6.24

Como celebrar 70 anos de história da Adega do Cartaxo

Adega do Cartaxo — 70 anos

Pode um terroir, uma história de 70 anos e um projecto feito de tradição e modernidade caber numa garrafa? A resposta chega em traje de festa e faz-se como comemoração do percurso produzido pela Adega do Cartaxo, desde a sua criação até ao tempo presente, do vinho a granel como ponto de partida até à afirmação da origem Cartaxo e à notoriedade da região. 
 
É com um vinho feito a partir das melhores barricas da colheita de 2015 que se constrói o 70 Anos DOC do Tejo Tinto 2015 e se celebram as castas que fazem do Cartaxo uma paisagem vínica particular, com 1954 garrafas a marcar a data de início da Adega do Cartaxo. Com um blend de cerca de 10 castas e 7 anos em garrafa, é a riqueza aromática que primeiro marca a relação com este vinho especial e se traduz numa experiência de encontro do presente com o passado, com um piscar de olho ao futuro, antecipando a longevidade e capacidade de guarda. 

Adega do Cartaxo — 70 anos

A evolução feita pela Adega do Cartaxo nas últimas décadas caracteriza um caminho marcado por decisões inovadoras, como a linha de varietais que surge no início do século com Castelão, Fernão Pires, Trincadeira, Cabernet Sauvignon e, mais tarde, Touriga Nacional. O espólio que fica pode agora ser apreciado com o relançamento a 20 de Junho, o Dia da casta Fernão Pires, do Bridão Fernão Pires branco 2007 (34€), com 17 anos de estágio, um vinho com evolução que mostra grande vivacidade nas suas notas limonadas e químicas (a lembrar os melhores Riesling), ainda com evidente frescura e volume de boca.

Para compreender o trajecto da Adega do Cartaxo nos monocastas, a prova do Fernão Pires branco 1999 mostra uma dimensão exuberante da casta após 25 anos em garrafa e o potencial dos vinhos desta região. Por comparação com o Bridão Fernão Pires branco 2007 verifica-se o carácter evolutivo da casta e uma longevidade capaz de oferecer uma experiência única.

Adega do Cartaxo — 70 anos

Mas a viagem pelo património da Adega do Cartaxo não se fica pelos brancos e continua pelos tintos, recuando até 1978.

Sem rótulo e com uma ideia das castas utilizadas (possivelmente Castelão e Trincadeira), o Adega do Cartaxo tinto 1978 apresenta taninos macios mas ainda vivos a atestar a sua longevidade e notas de borra de café e frutos secos, a pedir comida para explorar a sua dimensão gastronómica. 

Numa prova comparativa, o Bridão Reserva tinto 1995 mostra a excelência desta colheita traduzida num perfil com taninos maduros, muito equilibrado entre nariz e boca, enquanto o Bridão tinto 1998 se apresenta menos exuberante no nariz e pleno na boca, com boa persistência. 

Entre brancos e tintos, de décadas distintas e por comparação entre vinhos análogos de colheitas diferentes fica patente a assinatura e perfil da Adega do Cartaxo ao longo doa anos e a sua evolução até ao momento presente.

Adega do Cartaxo — 70 anosAdega do Cartaxo — 70 anos