Quando tudo o resto falha, eu cozinho.
Depois de um dia para esquecer, algumas pessoas vão bater numa bola de ténis ou rebentar com as articulações numa pista de fitness. Eu tinha uma amiga em Coral Gables que fugia para a praia com uma cadeira de abrir e queimava o stress com sol e um romance ligeiramente pornográfico que nunca teria sido apanhada a ler no seu mundo profissional - ela era uma juíza de comarca. Muitos dos polícias que conheço apagam as suas misérias com cerveja na cafetaria da esquadra.
Nunca fui particularmente atlética e não havia nenhuma praia decente a uma distância de carro razoável e a bebida nunca resolveu nada. Cozinhar era uma indulgência para a qual não tinha tempo na maioria dos dias e apesar da cozinha Italiana não ser o meu único amor, tem sido sempre aquilo que faço melhor.*
Mesmo se me identifico completamente com estas palavras, elas não são minhas. Na realidade pertencem a uma personagem literária e não a uma pessoa "real", embora eu suspeite que a Patricia Cornwell empresta muito da sua alma quando dá voz à Dr. Kay Scarpetta no seu primeiro livro, Post-mortem. Kay Scarpetta é uma médica legista que adora comida. E acreditem, a senhora cozinha! Fui recentemente conquistada pela personagem por causa destas 6 palavras - Quando tudo o resto falha, eu cozinho. Deixem-me refrasear ligeiramente e não podem descrever melhor os meus sentimentos - Quando nada resulta, eu faço pão.
*Tradução minha.
Pão de Sete Cereais
Ligeiramente adaptado de Patricia Cornwell e Marlene Brown, Food to Die For - Secrets from Kay Scarpetta's Kitchen
Faz 2 pães
1/2 chávena (50 gramas) farinha de centeio
2 colheres sopa nozes picadas e tostadas
1/2 chávena (40 gramas) flocos de aveia
1/4 chávena sementes de girassol
1/4 chávena (15 gramas) gérmen de trigo tostado
3 colheres sopa sementes de sésamo, tostadas
2 1/2 chávenas (325 gramas) farinha de trigo, extra para amassar e polvilhar
1 1/2 chávena (180 gramas) farinha de trigo integral
2 colheres chá levedura
2 chávenas (500 ml) leite gordo
1/4 chávena (60 ml) mel
1/4 chávena (50 gramas) manteiga com sal
2 colheres chá sal
para a cobertura:
1 clara, ligeiramente batida
1 colher sopa água
sementes de sésamo e/ou de girassol para polvilhar
Numa tigela pequena, misture a farinha de centeio, as nozes, aveia, sementes de sésamo e de girassol e o gérmen. Reserve.
Numa caçarola, aqueça o leite, manteiga e mel até estar tudo derretido e combinado. Retire do lume e reserve.
Numa tigela grande, combine as farinhas de trigo com a levedura. Faça um buraco no fundo. Adicione a mistura do leite e mexa com garfo (se utilizar um processador, deite a mistura do leite lentamente com a pá a funcionar a baixa velocidade). Amasse por 10 minutos ou até a massa estar elástica e macia. Acrescente leite ou àgua (mornos) extra caso a massa esteja muito seca (1 colher de sopa de cada vez).Coloque a massa numa tigela pincelada com azeite, cubra e deixe levedar num local seco por 1 hora ou até quase duplicar de tamanho. Deite a massa numa superfície enfarinhada e retire o ar, esmurrando a massa. Deixe descansar um par de minutos e amasse por mais 5 minutos. Cubra com uma toalha de cozinha e deixe descansar 10 minutos. Divida a massa ao meio e faça dois pães redondos mais ou menos do mesmo tamanho. Coloque cada um num tabuleiro untado ou num tapete de silicone. Numa tigela pequena, bata ligeiramente a clara com a água. Pincele os pães abundantemente e polvilhe com as sementes. Cubra e deixe levedar por mais 35-45 minutos, até quase duplicar de tamanho.
Pré-aqueça o forno a 180ºC. Leve ao forno por cerca de 25-30 minutos. Retire da forma e deixe arrefecer sobre uma grelha metálica. Sirva quente ou à temperatura ambiente com manteiga ou azeite.
Nota: esta receita pode ser feita na máquina do pão. Nesse caso, colocar primeiro os ingredientes líquidos, depois os sólidos e por último o fermento, que não deve entrar em contacto com os líquidos antes do início do programa. Deve utilizar-se o programa "massa" e depois do primeiro levedar continuar com a receita.
Comemora-se hoje à semelhança de outros anos, o Dia Mundial do Pão, numa bela manifestação de apreço pelo melhor alimento do mundo. Este é o meu contributo para este dia especial. O World Bread Day 2009 é brilhantemente organizado pela Zorra.