La vie est une fleur, l'amour en est le miel. A vida é uma flor, o amor o seu mel. Ou assim diz Victor Hugo. Como se de rosas se tratasse, recebo um ramo a que apenas falta um laço. Abre-se um sorriso que me ilumina a face e não há no horizonte uma nuvem que seja. Hoje não chove.
Alcachofras.
Pequenas e pontiagudas. Fico a matutar o que fazer com elas. Sigo em direcção à estante. Tiro um ou dois livros até encontrar. Cozinhadas com favas, lá estão elas no tacho. Para a felicidade ser completa, faltam-me as favas. Improviso. Terão as ervilhas a mesma missão. Das tortas e das descascadas, a caminho da panela.
O livro que me mostra o almoço tem uma capa de pano. Mora na minha estante há uns tempos e, contudo, nunca me tinha cativado. Até agora. Tenho uma enorme admiração pelo trabalho de uma senhora australiana chamada Stephanie Alexander, cujas receitas e ideias fazem parte do imaginário culinário do seu país. O seu pensamento pode traduzir-se numa frase: Comida, vinho e amizade importam mais do que qualquer coisa que me lembre. Juntos, implicam habilidade, astúcia e paciência, compreensão e reconhecimento da diferença e o desejo de trazer felicidade aos outros. Uma filosofia de vida invejável.
A cozinha de Stephanie Alexander é centrada nos produtos da estação, marcadamente enraizada no que a terra dá e nas estações do ano. Ao procurar na Primavera, aparecem alcachofras e favas e ervilhas e uns nabinhos adoráveis em forma de guisado. Decido-me por um almoço em tons de verde a que acrescento proteína animal numa (rara) concessão à minha cara-metade.