21.8.23

Nascidos do solo e da altitude, eis os vinhos da Quinta do Cardo

Quinta do Cardo

Entre os rios Douro, Côa e Águeda, fica a Quinta do Cardo. Produtor com pergaminhos na viticultura biológica em Portugal, tem as suas vinhas protegidas pela serra e abençoadas por condições climatéricas que permitem desenhar vinhos de perfil invulgar no panorama nacional. Com um novo proprietário, o trabalho desenvolvido com o enólogo Jorge Rosa Santos reforça uma abordagem de intervenção mínima e a concretização do potencial reconhecido da propriedade, situada a 750 m de altitude no final do planalto beirão onde impera o granito.

Com 3 referências Cardo (branco, tinto e rosé), estes vinhos de 2022 chegam ao consumidor com novos rótulos e uma imagem cuidada e sóbria que reflete a história da quinta. No copo, o Cardo Branco 2022 mostra a casta Síria no seu esplendor de frescura enquanto que o Cardo Rosé 2022, com partes iguais de Tinta Roriz e Rufete, se apresenta gastronómico e a pedir companhia à mesa. Nos topos de gama, surgem o Grande Reserva Branco (com carácter e complexo) e ainda os mono-varietais Vinha do Lomedo e Vinha do Pombal.

Os vinhos da Quinta do Cardo, com as suas características únicas de vinhos de altitude, apresentam um terroir muito interessante que faz da Beira Interior uma região a conhecer. Na memória fica o Quinta do Cardo Grande Reserva Branco 2021 produzido a partir de uvas da casta Síria que são provenientes de parcelas com mais de 40 anos, com os seus aromas frutados e o seu sabor intenso. 

A provar!

Quinta do Cardo

12.7.23

Tarte de curd de manga e amendoim

 

Tarte de manga e amendoim

Os dias de sol pedem comida colorida e sabores divertidos para celebrar as férias que se aproximam (ou já chegaram). Quando as promessas de um Verão que dura para sempre estão em cima da mesa, cá em casa queremos pratos que não nos consumam tempo e energia. Mas queremos também ter celebrações à altura da estação mais feliz do ano.

Esta tarte traz consigo cores contrastantes, sabores frescos que evocam cenários tropicais combinados com aromas mais terrosos que nos levam de retorno ao bosque verdejante. A base faz uso da manteiga de amendoim e combina com um curd fácil de manga. Podem usar-se mangas frescas ou puré e com a gelatina no recheio o resultado é sempre garantido. Quanto à guarnição com amoras e hortelã, é necessária pelo visual mas também pela combinação de texturas.

Feliz Verão!

floresTarte de manga e amendoim

4.7.23

Vinhos n'Aldeia e uma aventura na Quinta do Pinto e na Quinta dos Plátanos

Vinhos n'Aldeia, Aldeia Galega da Merceana

A paisagem, a história e as pessoas fazem de Alenquer um território onde a vinha e o vinho criam laços e se concretizam num terroir muito próprio. Quando se encontram no copo as estórias e a história de uma região, há aventura garantida a quem se atreve a descobrir as aldeias em volta e as suas tradições. Os Vinhos n'Aldeia levaram à Aldeia Galega da Merceana e à Aldeia Gavinha dias de encontro e celebração das adegas e casas vitivinícolas, sempre com os vinhos da região de Lisboa no centro das actividades. 

Da visita às quintas em redor ficam memórias dos vinhos que, uma vez conhecidos através da voz de quem os faz, ganham uma nova dimensão inesquecível. Feitos pelas famílias que escrevem novas páginas na história dos seus vinhos, a Quinta do Pinto e a Quinta dos Plátanos são locais inspiradores para quem quer conhecer melhor a região.

Vinhos n'Aldeia, Aldeia Galega da Merceana

O caminho a partir da Aldeia Galega da Merceana para a Quinta do Anjo onde se fazem os vinhos Quinta do Pinto é cumprido em poucos minutos, com a companhia das vinhas que pontuam a paisagem, a serra do Montejunto ao fundo e o oceano a 25 Km. Há movimento na quinta com as vinhas à direita do Solar, a casa principal, a ganharem outra vida com novas cepas de Arinto. 

Rita Cardoso Pinto, administradora da propriedade, guia-nos numa visita de jipe enquanto fala sobre o passado, o presente e o futuro da Quinta do Pinto e dos seus vinhos. Se antes a propriedade tinha uma finalidade agrícola que ia para além da vinha, no presente (e já na mão da família Cardoso Pinto), as 27 castas que compõem o espólio vitivinícola são essenciais para pensar o futuro dos vinhos, numa ligação entre as castas da região e algumas castas francesas.

Vinhos n'Aldeia, Aldeia Galega da Merceana

23.6.23

Design at Wine // Sobre design e vinho (ou como falar sobre o vinho a partir do seu rótulo)

design at wine

Comprar o vinho pelo rótulo e escolher a garrafa pela imagem é algo reconhecível na experiência de cada um. Sendo o rótulo um mediador, com a função de identificar e distinguir o vinho a partir do seu nome e da sua identidade visual, é também parte integrante da experiência. O projeto Design at Wine promove uma mesa redonda no dia 27 de Junho, às 10h00, no Auditório Lagoa Henriques na Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa

Sentam-se à mesa para uma conversa sobre “O papel dos rótulos nos vinhos portugueses”, com a moderação de Patrícia Serrado, jornalista da revista Mutante, Bernardo Gouvêa, presidente do Instituto da Vinha e do Vinho, Rita Rivotti, CEO da agência de design homónima com especialização no mundo do vinho, Frederico Duarte, crítico de design, curador e docente da FBAUL e Rita Soares, CEO Herdade da Malhadinha Nova, em Albernoa (Beja).

Venham!

25.5.23

{ um prato, uma casta } Açorda Alentejana + Antão Vaz

Açorda à Alentejana

Há receitas e vinhos que parecem ter sido criados para ser apreciados em conjunto. Junta-se à mesa o que a terra dá e o ser humano sonha e, na cozinha como na adega, é a natureza que põe e o cozinheiro / enólogo dispõe! Os frutos e ervas que se encontram no campo têm com frequência caminhos paralelos e acabam servidos em pratos e copos que se encontram à refeição. As castas que fazem os vinhos adaptam-se ao terreno e as suas características assumem perfis diversos consoante o terroir, tal como as combinações de aromáticas e outros ingredientes que se tornam particulares da região que as usa. 

Da cultura alentejana do desperdício zero, da imaginação e do engenho, nasce uma cozinha feita de simplicidade e parcos recursos transformados em sabores mil. Cozinha-se com pouco para muitos e há sempre para mais um. É assim a história da sopa de pão feita de azeite, ervas e caldo de bacalhau onde às vezes também se encontra um ovo: faz-se um piso com alho, sal, coentros e poejos que se solta com azeite e a que se adiciona um ovo batido; deita-se o caldo acabado de levantar fervura e serve-se de imediato com fatias fininhas de pão da véspera. E o que acompanha a simplicidade de uma açorda?

Um copo de branco espera sereno ao lado do prato. No mapa enológico do Alentejo encontra-se uma zona com condições climatéricas específicas onde as uvas Antão Vaz se sentem em casa. É na Vidigueira que esta casta de aromas tropicais e cítricos se transforma em brancos com corpo e bem estruturados que fazem boa companhia à açorda. De tanto se apresentarem a par, é como se a planície extensa onde os tintos são reis se tivesse dado ao trabalho de oferecer o branco certo para a sopa que faz parte da alma de todos os alentejanos. Da próxima vez que comer uma açorda, faça a homenagem completa e combine-a com um branco da Vidigueira com Antão Vaz. Não se há-de arrepender!

Esta crónica foi publicada originalmente no Blog do Enólogo Continente.

23.5.23

O brunch do Tantura rima com aventura

Brunch no Tantura

É Domingo e faz sol. Pelas ruas estreitas do Bairro Alto percorremos o caminho até chegar ao Tantura com a promessa de uma viagem no prato por sabores israelitas e judaicos, numa celebração das cozinhas do Mediterrâneo Oriental. No espaço que nos acolhe há um bulício no ar, entre a cozinha aberta e o bar já em laboração, o ambiente é rico em referências diversas com mobiliário e decoração de proveniência múltipla, a viver uma segunda vida. Um par de mesas escolhem pequenos, coloridos e vibrantes pratos das bandejas com pães, entradas, saladas e molhos para início do Brunch, que é servido das 12:00 às 15:30.

A ideia é provar um conjunto de diferentes Mazzets, com a consistência de uma pasta ou de um molho,  juntamente com os pães. Ainda de olho na Bagel coberta de sésamo, que fica para a próxima visita, escolhemos um Burek (massa philo recheada com alho francês, em forma de crescente) e um Kobena (pão judeu iemenita, massa laminada com manteiga após a primeira levedação e enrolada), acompanhado de molho de iogurte e tomate.

Brunch no Tantura
Brunch no Tantura

A riqueza dos pães, servidos quentes, combina com a frescura do Húmmus (grão em puré com tahini), Labanea (queijo cremoso à base de iogurte) e Baba-ganoush (pasta tradicional do Levante, feita de beringela) e com a intensidade do molho Matbucha (condimento da cozinha sefardita marroquina, com tomate e pimentos). Uma combinação deliciosa e cheia de significados associados à herança judaica pelo mundo ao longo do tempo e que nos leva à descoberta de uma cultura rica e multifacetada.

O conceito de brunch é trazido para a tradição de pequenos pratos de diversos tipos, servidos mais ou menos ao mesmo tempo, o que resulta na perfeição. A refeição segue com saladas e ovos cozinhados diferentemente e termina (claro) com sobremesa e, no nosso caso, café. 

Brunch no Tantura
Brunch no Tantura

18.5.23

{ Doces de Portugal } Mimosos do Bombarral

Mimosos do Bombarral

Entre a tradicional e a conventual, a doçaria portuguesa é rica em influências desconhecidas e caminhos sinuosos, com as muitas versões do mesmo doce ou receitas únicas e irrepetíveis de origem conhecida ou mais ou menos oculta. Os Mimosos do Bombarral são bolos cuja linhagem está bem definida e o legado estabelecido com marca registada desde 1920 pela mão de Artur Jerónimo, a partir de uma receita da sua cunhada Maria da Conceição. A tradição é mantida até aos dias de hoje por diversas gerações da família Jerónimo e os doces confeccionados de forma criteriosa em ambiente artesanal. Mas o que são Mimosos do Bombarral?

Nas palavras de Olga Cavaleiro sobre a doçaria portuguesa, tudo começa da mesma maneira para a confecção de muitos doces tradicionais: Água, ovos, açúcar, leite e farinha de trigo são o ponto de partida para muitos pontos até se transformarem, pelas sábias mãos das nossas doceiras, em sumptuosos doces, portentosos no formato, delicados na textura, surpreendentes no sabor. Como os melhores poemas feitos de palavras simples, pela alquimia da cozinha, simples interação química ou bela inspiração divina, a junção dos ingredientes resulta em doces singulares que não nos deixam esquecer os lugares onde nasceram, as pessoas que os fizeram ou com quem os saboreámos.

Mimosos do Bombarral

Cristina Castro, no seu projecto No Ponto, partilha o encontro com Fátima Paixão e com estes doces feitos de amêndoa, açúcar, farinha, ovos e de confecção simples: todos os ingredientes são misturados no ponto de açúcar, distribuídos por pequenas formas untadas com manteiga e polvilhadas com farinha, indo ao forno por 10 minutos para cozer.

Com um casamento perfeito com os vinhos licorosos da região, os Mimosos do Bombarral são doces com um bom equilíbrio de açúcar que ganham com vinhos mais secos no copo. Para os degustar é só ir até ao Bombarral ou encomendar online! 

Mimosos do Bombarral