Da cozinha japonesa há mais que sushi para experimentar. Entre gyosas e sopa miso, há sempre o ramen e a tempura que me levam de volta à
Miss Jappa. Mas o meu coração pertence à combinação de arroz, alga e peixe que chega à mesa sob a forma de bonitos pedaços de céu. No sushi a verdadeira qualidade é medida pela mestria em fazer o arroz. Equilibrado, com o avinagrado certo e a textura correcta, é tanto uma questão de técnica como de mão do cozinheiro.
A pergunta, sob a forma de desafio, chega num convite para fazer sushi com a
chef Anna Lins. As minhas experiências anteriores com o arroz foram, digamos, desapontantes. Não é fácil dominar a forma de fazer, o ponto de pressão, o empratamento, já para não falar nos ingredientes e suas combinações. Tirei mais uma ervilha com wasabi do
quantosqueres e respondi, a medo, que não tinha muito jeito.
Não há problema, vamos fazer Chirashi!
Se a resposta não me descansou, a minha curiosidade ficou ainda mais alerta.
Chirashi significa "disperso" ou "solto" e é tradicionalemnte composto por uma tigela de arroz com peixe, vegetais e outros ingredientes. É uma refeição associada às mulheres, talvez porque é muito versátil e bonita. Não há limites para os ingredientes utilizados no
chirashi, que pode ser vegetariano ou com peixe. Teoria explicada pela
chef Anna Lins, mãos lavadas e lá vamos nós. Primeiro o de vegetais, feito de camadas de arroz e
furikake e finalizado com cogumelos
shiitake e
enoki salteados, omolete japonesa, cenoura,
shiso e rebentos de rabanete. Fico fã do condimento japonês para arroz de sésamo, algas e flocos de bonito e faço uma nota mental para procurar a receita. No empratamento, com a ajuda de um anel e as indicações da
chef, o primeiro dos meus
chirashi nem parece nada mal.
Após marinar o salmão em soja, vinagre de arroz e gengibre, é tempo de preparar uma nova versão com pickles e cebolinho, com a amêndoa torrada a completar a combinação. Mais confiante, lá me preparo para o terceiro com salmão, corvina, cavala e abacate, a que um pouco de ervilhas com wasabi esmagadas dão o toque final. Olho para o prato e não posso deixar de me sentir orgulhosa, ainda que a
versão de chirashi que a
chef Anna Lins serve no Miss Jappa seja de outro campeonato.
Acabamos à volta da mesa, cada um com o seu prato, feito com as próprias mãos, com muita conversa à mistura à boleia de sangria de sake. Para os corajosos deixo a receita de
sushi meshi e
furikake e a recomendação para uma visita ao Miss Jappa para quem gosta de cozinha japonesa. Sem falhar a sobremesa, é que há uma tarte de chocolate e toffee com gelado de gemgibre que é imperdível.