O pão é um dos pilares da nossa alimentação e da nossa cultura. Representa todo um conjunto de rituais em torno da mesa, da partilha daquilo que nos é mais caro e da própria natureza humana. O pão é metáfora da vida. Crescemos com a certeza de que toda a gente come pão e que não se pode viver sem ele. Sinónimo de alimento da alma, comida para o estômago e refeição. E contudo muitos nunca puseram a "mão na massa". Nunca acenderam o lume num forno a lenha. Nunca comeram pão quente saído do forno. E deviam porque é uma experiência única.
O convite começa como pretexto para um encontro. Mais ao Sul. Pôr a conversa em dia. Risos ruidosos. Petizes aos saltos, em liberdade. Vamos? Disfrutar a amizade, um Sábado no campo e uma fornada de pão. Pode lá o programa ser melhor.
O sabor da amizade servido à mesa. Na aldeia a fazer pão com os amigos. Mas afinal a que sabe a amizade? Sabe ao melhor bolo do mundo, a laranja doce e a peixe grelhado. Sabe a mar e a terra. Sabe a pão com chouriço, quente a queimar a língua, divido por quantos se reúnem em volta do forno. Com o sol a bater nas costas e uma conversada sem fim. Entre a partilha dos saberes e dos sabores.
Foi assim o nosso fim de semana. Resta-nos agradecer a quem com tanto carinho nos recebeu. Obrigada! E contar-vos a história do nosso dia.
Seguimos por caminhos novos. Perdemo-nos. Uma e outra vez. Lá nos encontramos. Mas faz-se tarde. Chegamos com o pão já amassado por mãos mais sábias que as nossas. Dedos que avançam sozinhos, com a certeza de quem já fez o mesmo caminho milhares de vezes. Alguidares de barro, tabuleiros de madeira e panos brancos. A massa a levedar. A barriga a dar horas. Almoçamos.
Com a tarde já chegada, falta acender o lume que aquecerá o forno que há-de cozer o pão. E os pães com chouriço e o pão de torresmos. E os bolos de erva-doce e azeite. E os "Ss". Carregar a lenha. Tomar conta do fogo. Alguém se habilita?
É chegada a hora de tender o pão. Dividir a massa. Dispor cada bola, enfarinhada, num tabuleiro. Fazer os pães com chouriço. Tira-se a pele? Sim! Câmaras fotográficas para o lado, facas distribuidas e cá vamos nós. Bolinhas de massa estendidas. Rodelas de chouriço dispostas em fila. Enrola-se. Tabuleiros de alumínio sobre as mesas. Farinha a perder de vista.
Falta apenas usar as sobras da massa do pão no fundo do alguidar para as "costas". Bolos doces com o azeite a erva-doce num casamento feliz. Os meus favoritos.
Todo o processo de fazer o pão tem um saber. Cada etapa, cada movimento, cada tempo. Tudo sustentado por anos e anos de ir fazendo e ver fazer. Uma aprendizagem do quotidiano, à guarda de quem continua todas as semanas a amassar e cozer o pão que há-de dar de comer a uma casa ou duas. O branco dos panos, das roupas e os utensílios, de madeira e ferro. Os termos próprios, o processo. Fermento. Água. Farinha. Amor.
Todos os ingredientes do pão. A que se junta a amizade.
Suzana, senti-me novamente ali sentada à beira do forno, com o sol a aquecer-nos a conversa.
ResponderEliminarFoi mesmo um sábado cheio. De todas as coisas boas que um dia feliz nos dá.
Beijo grande.
Que maravilha de fim de semana! Também eu queria ir amassar pão e comê-los depois de saído do forno a lenha! Inveja pura, da boa, é o que me preenche neste momento. E uma fome enorme de pão com chouriço!!!!
ResponderEliminarAdoro pão acabadinho de cozer...
ResponderEliminarTenho muita sorte... a minha avó ainda coze o pão, lá na aldeia!!!
Bjs
Uma combinação perfeita :)pão e amizade! há dias assim mesmo bons, simples mas cheios de boa comida, amizade, longas conversas e sorrisos verdadeiros :)
ResponderEliminarEsses sim são bons dias! beijinho
Minha querida, as tuas fotografias recriam na perfeição o ambiente amistoso daquela aldeia e saber e sabor do pão feito à mão e cozido em forno de lenha. Esse saber que já pouco existe.. Foi um dia muito bom! Obrigada também pela tua companhia e do "sr. do forno". :)) beijinho grande!
ResponderEliminarO bolo, Margarida. O bolo. Inesquecível! Se esta semana não há batata doce no mercado, nem sei. ;)
EliminarUm beijo*
Saudades... bem grandes, de ajudar a minha avó a fazer pão. E bolos, com chouriço ou toucinho... e bôla de sardinhas, que se fazia muito aqui no Norte. Boas lembranças me trouxeram estas imagens, algo que já não vêmos nos dias de hoje.
ResponderEliminarBeijinho
Das melhores memórias que tenho em miuda, é uma de comer pão quentinho saido de um forno de lenha com queijo fresco(mesmo fresco) feitos por uma srª de já muita idade. Uma delicia que perdura! Sempre vi a minha avó e o meu pai a amassarem o pão e a acenderem o forno de lenha, por isso dou valor ao trabalho que dá fazê-lo.Deve ter sido um dia muito bom ...
ResponderEliminarBjoka
Rita
Suzana,
ResponderEliminarA minha família sempre viveu na cidade. Lembro-me de não perceber bem o que diziam os meus amigos quando nos contavam que iam passar as férias "à terra".
Há uns anos a minha mãe comprou uma casa no campo, tinha um forno e tudo. A minha mãe aprendeu a fazer pão, a criar galinhas, fazer crescer uma horta e até a fazer queijo. Com este teu fim de semana lembrei-me das férias em casa dela, e das costas!! Ui há anos que n como costas!! Obrigada por partilhares este momento passado entre amigos connosco.
bjs
Bateu uma saudade enorme da minha infância.. e de ver a minha bisavó a cozinhar no seu fogão e forno a lenha, e o sabor único. hummm
ResponderEliminarBjo
Suzana querida
ResponderEliminarGuiei-me pelas tuas palavras e imagens e vislumbrei um pouco desse encontro, imaginei os gestos, as gargalhadas, as expressões de cada uma de vós e a conversa, ah a conversa......saudades!
Beijos
Uma combinação mais que perfeita. Pão e amizade. Sorrisos espalhados num dia tão especial.
ResponderEliminarQue inveja! (boa)
Um beijinho.
Que lindas palavras mais uma vez. Senti-me na minha infancia em casa da minha tia a fazer esse processo todo do amassar, e meter no forno e depois ainda comer bem quentinho pena que na altura era tão criança e não admirava como agora o podia fazer.. outros tempos :) Adorei o teu post delicioso mesmo!
ResponderEliminarQuem me dera mergulhar nessas fotos e poder provar esse pão... deve ter sido um dia mesmo bem passado!
ResponderEliminarBabette
Suzana, que inveja (boa) quer desse dia tão bem passado com tanta amizade à mistura, quer dos locais que nos mostras.
ResponderEliminarMas mais mesmo... dessa forma de fazer pão, desses fornos e bancadas... das farinhas espalhadas até pelo rosto. É que sabes, a minha avó, com quem estive grande parte da minha infância era a padeira da aldeia, e estas fotos recordaram-me esses tempos, do Forno (era assim que se chamava o sítio onde ela fazia o pão), da bata da minha avó, das pombinhas que ela me fazia a partir do pão :D:D
Ai... tempos que não voltam. E o que eu dava por poder revivê-los.
Que maravilha de fim de semana, que belo relato e que belas fotografias! E esse pão, que magnífico pão amassado com tanta amizade, com tanto amor, a sair do forno quentinho e a fumegar! Impossível não invejar esses momentos, que por instantes me levaram a imaginar e sonhar que também eu tinha passado um fim de semana assim!! Obrigada pela partilha maravilhosa, trouxe boas imagens à minha mente:)
ResponderEliminarBeijinhos.
não posso deixar de colocar isto aqui:
ResponderEliminarhttp://www.youtube.com/watch?v=krZN9bm3dWU
algo bastante amador, mas de alguém que ama o pão.
Este texto e as fotografias deixam o coração quente a quem o lê.
Obrigada por ter publicado, Catarina! Gostei de ver. ;))
EliminarUma maravilha, do melhor que há!
ResponderEliminarMas que maravilha...que saudades do forno da minha avó....bjokitas
ResponderEliminarSuzana, as tuas palavras e imagens retratam na perfeição esse dia que só pode ter sido perfeito.
ResponderEliminarUm dia passado no meio dos amigos e acompanhado de pão caseiro amassado e tendido por quem sabe, só pode ter sido um dia a não esquecer.
Um beijinho