3.5.13

Café, vinhos generosos e pastéis de nata

Harmonização Nespresso

Há no final da refeição um momento quase sagrado. É numa chávena de café que fica guardado o balanço do que se partilha na mesa. Sabores, conversas, momentos únicos ou apenas rotineiros. Pouco importa. Do almoço fica o café que anuncia a tarde. Seja ela de trabalho ou preguiça. Por norma, nos dias de todos os dias, o café chega sozinho. Quem o quer solo, sem açúcar como eu, esquece quase sempre os bolos, o chocolate ou os vinhos que tão boa companhia lhe fazem.

Foi assim o desafio de harmonizar vinhos generosos, chocolate e pastéis de nata com café na minha passagem pela última edição do Peixe em Lisboa. A Nespresso organizou uma sessão de harmonização com o sommelier Rodolfo Tristão, que nos guiou pelos diferentes cafés e como acompanhá-los.

Harmonização Nespresso Harmonização Nespresso



Tão tradicional como só o nosso pastel de nata pode ser, vem complementar o café numa acção repetida diariamente por tantos. Se maior prova de uma harmonização de sucesso fosse precisa, o testemunho de gerações bastaria para o atestar. Mas antes disso, como degustar café para dele retirar todo o prazer?

É na preparação que tudo começa. A temperatura a que o café é servido optimiza ou compromete a experiência. Dizem-me que é pelos 65º-67ºC que se atinge a almejada perfeição. Depois é preciso ver. Porque a nossa relação com o café também é visual, a cor do creme, a espessura e a própria chávena desempenham um papel importante. Por esta altura cabe ao nariz continuar. A análise olfactiva (depois de mexer com uma colher sem rodar a chávena) permite-nos apreciar todos os aromas do café e antecipar o momento em que este nos chega à boca. É na língua e no palato que uma nova vaga de aromas há-de chegar. À medida que respiramos pelo nariz e engolimos, fica todo o sabor do café.

Harmonização Nespresso
[fotografias a preto e branco gentilmente cedidas pela Nespresso]

Entre chávenas, garrafas, pratos e fotografias, lá fui procurando os pares certos. Para os cafés mais encorpados a nota doce do chocolate de leite, para os mais leves o sabor intenso do chocolate negro. A combinação é singela mas certeira. É com os vinhos generosos que chega o objecto da minha curiosidade. Quero sempre saber mais sobre vinhos.

Um Porto Churchill Late Bottled Vintage de 2007 para o meu café favorito, o Ristretto India. Sabores fortes, promessa de boca e coração cheios. Oiço com atenção as palavras do sommelier Rodolfo Tristão, "primeiro o vinho e depois o café". Os açúcares que ficam a combinar com as especiarias do café. Gosto muito.

Ali ao lado um Niepoort 10 anos, um Tawny de cor bonita, para um espresso forte. Vou descobrindo os cantos e as voltinhas da harmonização numa espécie de caminho traçado que eu desconhecia. Mas é num vinho Madeira 5 anos, Blandys Alvada que me fixo. Vem com um espresso leggero a que nunca liguei muito. Surpreendo-me com a soma das partes. É a minha combinação preferida. Contra todas as previsões.

As descobertas abrem-me portas para um mundo de vinhos generosos que nunca estiveram na minha lista de eleição. Fico a pensar nos horizontes que se abrem a cada chávena de café. Com a cabeça a mil à hora e o coração logo atrás. Não prometo juntar um copo de vinho generoso a todos os meus cafés mas em dias de festa... porque não?

Harmonização Nespresso