29.5.15
Cerejas do Fundão e uma mousse de chocolate para crescidos
As conversas são como as cerejas. E as ideias também. Umas sucedem-se às outras, numa tagarelice mental onde o cérebro corre sempre mais rápido que a boca. Cerejas, chocolate, mousse, ginginha. Gulosos e outros amantes das cerejas em estado de prontidão. É o tempo delas e é preciso aproveitar a temporada que agora começa. Nada como procurá-las no seu estado natural e tirar partido da versatilidade que apresentam, comidas fresquinhas entre pedidos de um desejo ou como ingrediente, tomando parte em receitas e pratos diversos. As minhas preferidas são as cerejas do Fundão, com a Serra da Gardunha a servir de refúgio a uma riqueza natural sem igual.
Confio nos jacarandás para me darem o alerta. As cerejas chegam quando a cidade se enche de lilás e o açúcar das flores que caem das árvores cobrem as ruas. De caminho, é ver nas bancas do mercado, nas montras das pastelarias e no prato o aparecimento das primeiras cerejas, em diferentes tonalidades de vermelho e quase sempre aos pares.
Perco-me de amores pelos pastéis de Cereja do Fundão: a massa estaladiça, o creme sedoso e o sabor muito presente das cerejas faz com que comer apenas um seja tarefa quase impossível. Na celebração que é a chegada das cerejas, o gelado de Cereja do Fundão da Santini é também uma tentação nos dias de calor como hoje em que os bombons de cereja com assinatura do chef chocolateiro António Melgão se derretem nas mãos e o Melhor Bolo de Chcolate do Mundo de Carlos Braz Lopes se chega também às cerejas, entre camadas de merengue e ganache de chocolate negro.
Escolher é o mais difícil. Com o chocolate por parceiro de muitas variações em torno da cereja do Fundão numa combinação mais que testada e que é sempre boa, podem novas formas de degustação das cerejas encontrar o seu lugar. O lingote de cerejas da FrutaFormas, feito com cerejas desidratadas é surpreendente e pode encontrar espaço junto das barras de cereais ou das frutas desidratadas, hoje indispensáveis numa alimentação saudável. Mas é de chocolate que são feitos os meus primeiros sonhos com cerejas...
Entre lambidelas, vai-se desenhando um padrão: Cerejas, chocolate, mousse, ginginha. Plano perfeito para uma mousse só para crescidos. Enquanto não chega ao prato a III Rota Gastronómica da Cereja do Fundão em Lisboa, lá mais para meados de Junho, fica esta mousse que se faz rapidamente e se come ainda mais depressa.
Mousse de chocolate {com ginginha}
serve 6-8
6 ovos frescos*, separados
50 g açúcar em pó
200 g chocolate (mínimo 70% cacau), picado (usei pantagruel)
2 colheres (sopa) ginginha
Coloque uma tigela resistente ao calor sobre uma panela com água a ferver. Baixe o lume e deite o chocolate picado na tigela. Deixe derreter e mexa até arrefecer ligeiramente. Coloque o açúcar com as gemas numa tigela e bata (com uma batedeira eléctrica) até a mistura ficar esbramquiçada. Junte a ginginha e o chocolate derretido e bata novamente até obter uma mistura homogénea. Numa tigela grande e limpa, bata as claras com uma pitada de sal. Envolva cuidadosamente na mistura de chocolate, utilizando uma vara de arames (mas não a batedeira eléctrica). Verta a mousse em taças de servir e leve ao frigorífico pelo menos 2 horas.
Sirva com cerejas.
* Como esta mousse utiliza os ovos crus estes devem ser o mais frescos possível.