6.2.17
Como se faz a cerveja e o que comer com ela?
Diz-se da cerveja que é um pão de beber. Os princípios, ingredientes e magia são em tudo semelhantes à fermentação que está na base do pão que comemos diariamente. Eu que não bebo cerveja com frequência dou por mim cada vez mais curiosa, com a nova vaga de interesse na bebida e na sua produção. Como se faz cerveja? Cereais, lúpulo, água e levedura. Ou, mais especificamente, imergindo primeiro uma fonte de amido em água e procedendo em seguida à fermentação do líquido doce resultante com levedura. Seja artesanal ou produzida comercialmente em larga escala, a cerveja é sempre feita da mesma forma.
Ao entrar na Central de Cervejas é como se a magia do processo ficasse ainda mais reforçada. As grandes caldeiras de cobre dão à sala (que neste dia não estava em laboração) um ar misterioso. O sabor, teor alcoólico ou cor estão dependentes tanto dos ingredientes usados, como do processo de produção. Loiras, ruivas, ales ou lagers, stouts ou pilsners. Até os termos contribuem para a alquimia e eu vou ouvindo com atenção, absorvendo informação e seguindo o percurso no museu que conta a história da fábrica de Vialonga e das cervejas que fazem parte do nosso imaginário.
E o que se come com cerveja? Já mais na minha zona de conforto, vejo chegar à mesa a família Bohemia. Em tudo diferentes na cor e no sabor, até o copo em que são servidas procura enfatizar o carácter único de cada cerveja. Com a ajuda da chef Justa Nobre, que fez o almoço, começamos por uma sopa de mariscos que faz boa companhia à Bohemia Trigo, com as notas doces do marisco a combinar com a mais suave da família e uma das minhas favoritas. Entre conversas à mesa, experimenta-se também a Bohemia Puro Malte, muito diferente da anterior, uma cerveja aromática a pedir os sabores mais fortes dos bilharacos de alheira com sésamo que a chef serve acompanhados de salada de pepino e tomate. Mas a refeição está para continuar e a combinação das cervejas com os pratos vai alimentando a discussão sobre quais funcionam melhor com o quê.
Para o prato de carne ficou guardada a Bohemia Original, adorada lá em casa por todos e que com frequência aparece na nossa mesa. O lombo de vitela com legumes no forno casa os caramelizados da carne e dos espargos com o caramelo da cerveja e num momento simultanêo de silêncio todas as bocas se calam. Certos que a seguir nos espera a sobremesa, é com gulodice que vemos chegar uma bochecha de porco com creme de castanhas para apresentar a nova Bohemia Bock. Talvez por ainda não a conhecer, foi a que mais me surpreendeu quando a provei. Densa, quase para mastigar, é talvez de maior com complexidade que todas as outras. Dizem-me para guardar um pouco para a mousse de chocolate e avelã e assim faço. Numa combinação quase clássica, cerveja preta e chocolate nunca falha e o almoço não podia acabar melhor.