14.8.17
Sushi e vinho rosé para tardes de Verão
De tanto que gostamos de outras comidas, acabamos rendidos também à cultura que as cria. Devo ao sushi uma curiosidade maior sobre a cozinha japonesa e a crescente admiração pela conjugação, ao mesmo tempo, simples e complexa dos seus sabores. Para os corajosos está reservada uma faca afiada e o peixe mais fresco da banca. É pedida agilidade na hora de enrolar e cortar e imaginação para servir os mais bonitos pratos. Mas diz-se o que o segredo do sushi é o arroz, que quando cozinhado na medida certa e com um tempero equilibrado de acidez e doçura é garantia de sucesso. Claro que há sempre o porto seguro do restaurante de confiança ou os bons serviços de entrega em casa que estão disponíveis, sendo que para fazer o pedido é preciso saber o que se quer e encomendar pelo nome.
Se dominar os nomes e as combinações de norimakis e nigiris ou gunkan e temaki é suficientemente difícil, há ainda na hora de pôr os pauzinhos na mesa que decidir o que beber. Confesso-me frequentemente tentada a voltar ao vinho como bebida de eleição. Sem as referências da cozinha japonesa, onde o vinho não acompanha sushi, nada como procurar novas combinações entre as castas que nos são mais conhecidas. Foi esse o desafio da Fiuza numa destas tardes de Agosto: que vinho escolher para acompanhar sushi?
As dificuldades de combinar vinhos e sushi resultam sobretudo dos condimentos e não dos ingredientes centrais. É o molho de soja, o wasabi e o gengibre (que serve de limpa-palato entre peças) que mais desafiam. Se usados com parcimónia, como aliás fazem os japoneses, o sushi torna-se amigo do vinho. Por uma vez deixemos de fora os tintos e demos aos brancos e rosés o lugar central. Sendo que as diferentes peças podem ter ingredientes muito distintos, há algumas castas que garantem perfis aromáticos adequados ao peixe e arroz. Do Sauvignon Blanc ao Chardonnay passando pelo Alvarinho, importa escolher entre florais e frutados um vinho com a acidez certa e que apeteça beber ao longo de toda a refeição.
Porque os olhos também comem, acabo por abrir o Fiuza Rosé para o jantar. Ainda com o estigma da sazonalidade, os rosés são vinhos a que se devia prestar mais atenção e que podiam estar na nossa mesa todo o ano. De cor bonita e resultado de uma combinação de Touriga Nacional e Cabernet Sauvignon, é boa companhia para os sabores mais tradicionais e mais de fusão que compõem o prato. No final de mais uma tarde de Verão, com a luz a baixar progressivamente, não há como apreciar com toda a calma um copo de vinho com sushi.