Somos o que comemos. O adágio é milenar e, como princípio, impõe-nos uma necessidade de reflexão sobre o que consideramos alimento e como é produzido aquilo que comemos. No festival Soil to Soul celebra-se esse tempo para pensar e discutir o que nos dá sustento e energia e a ligação com a terra e a comunidade de uma agricultura mais respeitosa para com a natureza e o território. Criado por Thomas Sterchi, este movimento assume a saúde do solo como crucial para tornar sustentável a produção e consumo de alimentos nutritivos e configura-se como uma plataforma de conhecimento para produtores, chefs e consumidores na busca da "comida honesta", capaz de nutrir o solo e a alma.
É no coração do Alentejo, no Alandroal, que nos dias 25 e 26 de Maio tem lugar o festival, integrado na sabedoria de cuidar o solo e fazer da agricultura regenerativa um meio para mudar as circunstâncias, numa conexão entre cultura e gastronomia. Com a presença de chefs e a participação de restaurantes locais, está prometido um diálogo entre a cozinha tradicional e outras abordagens de restauração sustentável mais contemporâneas, entre conversas, músicas e muitas actividades para os mais novos.
No espírito do festival Soil to Soul, os ingredientes e produtos utilizados na confecção e na degustação dos pratos tem uma proveniência biológica, local e regenerativa, o que se estende também ao copo onde se podem encontrar vinhos de baixa intervenção e bebidas produzidas em modo bio. O palco está aberto a projectos conscientes e oradores com trabalho desenvolvido na área da gastronomia, como Olga Cavaleiro que traz a questão da identidade gastronómica e da paisagem comestível e descontroi a ideia de natural num mundo alimentar há milénios construído pelo ser humano. Será dela uma das conversas, juntamente com Esther Henneberke, da Climate Farmers e Mónica Tereno, da Cortes de Cima, herdade onde os vinhos Chaminé são feitos de forma holística, regenerativa e orgânica para que espelhar o Alentejo onde são produzidos.
Para o almoço, os chefs presentes fizeram um exercício de desenvolvimento de pratos com os produtos da estação fornecidos pelos produtores que vão estar presentes no evento Cogumelos do Alentejo, Freixo do Meio, Paisagindo Bio, Terramay, utilizando recursos naturais disponíveis como flores silvestres comestíveis.
Cenoura em diferentes texturas, iogurte de leite de cabra, manteiga noisette, avelãs torradas e flores da estação (capuchinhas e cebolinho) — Rafaela Ferreira, sous chef restaurante Feitoria, Lisboa
—
Beterraba assada, miso, queijo de cabra e pinhões torrados — Rúben Trindade, chef restaurante e hotel Casa do Gadanha, Estremoz
—
Cozido de legumes de Primavera (ervilhas, favas, cenoura, funcho) — Diogo Formiga, chef restaurante Encanto, José Avillez, Lisboa
—
Barriga de porco alentejano, jus de bolota e cenoura — Lara Espírito Santo e George McLeod, chefs restaurante SEM, Lisboa
—
A bolacha que acompanha o café, uma cookie servida quente, sabe e cheira a chocolate contudo é feita com THIC (This Isn't Chocolate). Lara Espírito Santo (Restaurante Sem, Lisboa) explica que se trata de um subproduto da produção de cerveja, que preserva o sabor e aromas dos cereais descartados após a fermentação. Um ingrediente que nos oferece a oportunidade para pensar sobre aquilo que comemos e como as nossas escolhas devem ser informadas e conscientes.
A 25 e 26 de Maio, todos os caminhos vão dar ao Alandroal!
—
FESTIVAL “SOIL TO SOUL”
Castelo do Alandroal
25 e 26 de Maio 2024
Entrada gratuita