5.11.10
Joie de vivre ou o Outono em Paris
Gosto de pensar que Paris também é um bocadinho minha. Pode ser a nesga entre as livrarias do Boulevard Saint German ou a passagem pelo Hôtel de Sully da Rue de Saint Antoine para a Place des Vosges. Ou as montras alinhadas de uma padaria perto do mercado da Rue Daguerre. Pode ser uma anglaise aux apricots ou um céu azul a perder de vista. Pode ser um bonjour! e um sorriso.
Não me move a presença do senhor Karl Lagerfeld a dois passos de distância a comprar revistas ou a dimensão avassaladora do Louvre e o sorriso da Mona Lisa. Não me perco pelo glamour da Place Vendôme. Não quero saber dos restaurantes da moda. Há uma Paris longe do bulício das zonas mais turísticas que eu quero que seja minha e essa não deixa nunca de me encantar. Abro uma excepção para a pirosa... Trop jolie! Símbolo de uma França moderna, a Torre Eiffel representa no inconsciente colectivo mundial a face de um país e um modo de estar na vida. É uma certa joie de vivre.
Como de outras vezes, a cidade-luz esteve à altura do seu cognome e o sol foi-se mostrando. E as caminhadas fizeram-se em passo lento e com o casaco aberto, ao ritmo de um fim de semana prolongado e de vontades momentâneas. Seguimos sem grandes planos. Sentámo-nos em jardins pequenos, escondidos da confusão. Bebemos um café crème e descobrimos que é o mois de la photo em Paris e que hoje está um dia fantástico.
A cor das árvores e as folhas espalhadas faz do Outono em Paris uma das épocas mais bonitas do ano.
Fomos fotografando o caminho inexorável das folhas que caem das árvores e fazendo planos para um dia voltar. Não sei dizer quando e também não interessa. Fica-me a certeza de que na cidade em que não é estranho ouvir-se falar português nas ruas existe uma pequenina parte que é minha e que estará sempre lá quando eu voltar.