5.4.12
Bolos fintos para uma Páscoa feliz
São as tradições que traçam as linhas entre as quais construímos o nosso mundo. Aquele que parece mais certo que os outros. O que para nós faz mais sentido é afinal aquilo que conhecemos e que sempre lá esteve. Pelo menos, desde que nos lembramos.
Em minha casa, a Páscoa sempre se fez com o borrego à mesa num ensopado que, confesso, não é das minhas comidas preferidas. É nos bolos, desde o folar, às padinhas passando pelos bolos fintos e terminando nas queijadas, que a minha memória se instalou. Se ainda não foi desta que me aventurei com as queijadas, resolvi que os bolos fintos não passavam deste ano. Parti de uma receita de Maria Noémia de Torres Vaz Freire, no seu livro de memórias e receitas Sabores de dias felizes, que usava 15 Kg de farinha e não tinha indicação de quantidade de água utilizada na calda ou de quanta erva-doce usar. A minha versão da receita é uma tentativa de preencher esses espaços e poderia, eventualmente, ter um sabor mais forte. Da próxima vez hei-de aumentar a quantidade de especiarias. Por agora, ficam os votos de uma Páscoa feliz!!
Bolos fintos
faz 10-12, dependendo do tamanho
para o "fermento":
150 g farinha T65
150 ml água tépida
1 colher (chá) açúcar branco
1 colher (chá) fermento seco
700-750 g farinha T65
500 ml água
2 paus de canela
1 colher (sopa) erva-doce (moída ou em sementes)
2 colheres (sopa) aguardente
125g açúcar amarelo
75 g banha de porco
1 colher (chá) fermento seco
2 colheres (chá) sal
leite para pincelar
Na véspera de fazer os bolos, misture todos os ingredientes do "fermento" numa tigela. Cubra com película e guarde num local fechado, por exemplo dentro do forno (desligado). No dia seguinte, faça uma calda com a água, o açúcar amarelo, a aguardente, a canela e a erva-doce. Deixe levantar fervura e ferva até o açúcar estar dissolvido. Reserve e deixe arrefecer até estar apenas tépida. Retire os paus de canela. Misture o fermento seco e deixe activar (ou siga as instruções do pacote). Coloque 700 g de farinha numa tigela grande, abra uma cova ao meio e adicione a mistura que fez no dia anterior (e que deve estar levedada), a banha e o sal. Vá deitando a calda e mexendo com um garfo, até a massa começar a ser manuseável. Acrescente o resto da farinha ou um pouco mais de água, se necessário. Amasse 10 minutos, até a massa estar elástica e homogénea e forme uma bola. Coloque a massa numa tigela pincelada com azeite, cubra com um pano (ou película) e deixe levedar num local quente e seco por 2 horas ou até ter duplicado de volume.
Numa superfície enfarinhada, divida a massa em 10 ou 12 partes. Forme bolas e disponha-as em 2 tabuleiros preparados com papel vegetal ou tapetes de silicone. Deixe espaço para que os bolos possam crescer. Com uma tesoura, dê 2 cortes em cruz em cada um. Cubra com um pano limpo e deixe levedar novamente por 45 minutos num local abrigado. Pré-aqueça o forno a 200ºC. Pincele os bolos com leite e leve a cozer 15-20 minutos ou até estarem dourados. Se cozer os 2 tabuleiros em simultâneo, mude a disposição dos mesmos a meio da cozedura e baixe o forno para 180ºC.
Deixe arrefecer sobre uma grelha metálica. Guarde numa caixa hermética.