26.4.12
Sericá e os primeiros morangos
Os primeiros morangos que me sabem a Primavera. Os primeiros que prometem trazer o ácido e o doce em perfeitas proporções. São pequenos, disformes e não fizeram centenas de quilómetros para aqui chegar. Merecem um acompanhamento à altura. Aplico uma espécie de "pensamento invertido". Estes não são acessório. Têm o papel principal que lhes é devido. O que é que me apetece comer com morangos? Sericá.
Também chamado sericaia, cericá, cericaia, para mim será sempre sericá. Sempre assim se chamou em minha casa e não me vejo a dizê-lo (ou escrevê-lo) de outra forma. Este doce alentejano é tradicionalmente servido com as bonitas ameixas d'Elvas em calda, que sempre me pareceram demasiado doces. Aqui, equilibra o frágil compromisso entre os meus morangos perfeitos e um desejo de coisas doces.
Sericá
Adaptado de uma receita de Maria Noémia de Torres Vaz Freire, Sabores de dias felizes
8-10 fatias
4 ovos, separados
165 g açúcar branco
100 ml água
500 ml leite gordo
1 tira grande de casca de limão
80 g farinha trigo
canela moída
Leve a água com o açúcar a lume médio num tacho grande. Quando atingir um ponto de pasta, retire do lume e deixe arrefecer. Pré-aqueça o forno a 200ºC.
Misture as gemas num pouco de leite. Noutra tigela dissolva a farinha no restante leite. Passe por um passador fino e junte ao açúcar, assim como as gemas. Junte a casca de limão e leve de novo a lume brando, mexendo sempre. Deixe engrossar ligeiramente, retire a casca de limão e reserve. Bata as claras em castelo com uma pitada de sal. Envolva com cuidado na massa e verta para um prato de barro grande polvilhado com canela. Leve ao forno por 30 minutos ou até estar dourado. Se quiser, faça uns cortes em redondo quando o sericá estiver a 10 minutos de terminar a cozedura.
Sirva com morangos.