6.9.12

{Açores} Uma janela sobre o azul

Miradouro // Viewpoint

Por entre a bruma, surge uma ilha. Depois outra e outra ainda. Se o céu for clemente e a imaginação deixar, vislumbra-se ao longe um novo azul. Inventam-se novos Descobridores por entre corações abismados e bocas a recuperar do espanto. É comum nos Açores a natureza roubar-nos o fôlego. Sem ruído ou burburinho. Uma serenidade arrebatadora.

Chegamos ao Faial num Domingo de chuva miudinha e céu fechado. Prenúncio de Mau tempo no canal. Nada que o abraço e o sorriso de quem nos recebe não resolva. Com o Pico ali em frente, sem prestar atenção, como se fosse o tecto do mundo.

Ilha do Pico, Açores

As 9 ilhas que compõem o arquipélago dos Açores podem ser explicadas a partir da sua formação e História. Mas é na geografia dos afectos que se pintam, às cores, descrições que nos fazem embarcar na viagem.

Do Faial, diz-se ser a ilha azul. Fruto do encontro permanente entre o mar e o céu, das hortênsias arrumadas nas suas sebes ou apenas de uma narrativa repetida de geração em geração. O azul é ainda mais azul na Horta, uma cidade de muitos encantos.

Horta, Faial

A cada ilha uma cor. A que predomina. Aquela que melhor preenche os espaços e lhes acrescenta mais uma camada. Ilha azul. Em cada dia que passo no Faial vou percebendo melhor. O nome fica-lhe bem. Aliás, assenta que nem uma luva. Ou assim se sussurra por entre as pedras no Porto do Comprido, ali ao lado do vulcão dos Capelinhos.

Em diferentes nuances de azul.

Porto do comprido, Faial, Açores

Nos Açores, as condições meteorológicas mudam a cada momento. Passa-se de um azul mais cinzento ao mais reluzente cobalto num piscar de olhos. E vice-versa. É nas escamas dos peixes que outro capítulo se escreve. Em azul. Claro. Ou escuro, consoante de uma anchova, um lírio, um chicharro ou de uma bicuda se trate.

Ou umas lapas. À Açoriana. Mas esse azul que tem de ficar para outra conversa.

Faial, Açores