20.11.15

{Quinta do Monte Xisto 2013} Arte, vinho e comida

Quinta do Monte Xisto 2013, Bistro 100 Maneiras

Para nós, um vinho é muito mais do que um líquido dentro de uma garrafa, dentro de um copo. O vinho é história, cultura, um processo criativo que cruza uma série de camadas num determinado contexto. Começa assim o texto que apresenta o Quinta do Monte Xisto 2013, um tinto muito especial, que nasce das vontades combinadas da família Nicolau de Almeida. Porque o vinho é vida, cada passo deste projecto confunde-se com o dia a dia de quem o pensa, trabalha e desenvolve. É assim que o copo se enche de conversas, de ideias partilhadas, de desejos tornados realidade. Cruza-se com as palavras do quotidiano e com as imagens presas na memória de quem faz do vinho uma forma de vida.

Fruto de um sonho antigo, o Quinta do Monte Xisto nasce em Vila Nova de Foz Côa, na região do Douro Superior, pela mão de João Nicolau de Almeida, de sua mulher Graça e dos filhos Mateus, João e Mafalda. Da família faz ainda parte Maria Sottomayor, casada com o filho João, artista plástica habituada a traduzir em imagens, tantas sensações e momentos fugazes. Numa convergência de linguagens, é ela que procura guardar para a eternidade a cor, a forma, a textura e a alma do Quinta do Monte Xisto 2013. São nove imagens evocativas das estórias que ficam para a história deste néctar. O resultado é um vinho com uma ficha (es)técnica, produzida no exacto ponto em que estética e técnica se fundem num único registo.

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Das alquimias, dos encontros e das partilhas do vinho faz também parte a comida. Sentamo-nos à mesa do 100 Maneiras Bistrô para fazer a viagem da mesa, o lugar geográfico onde o prato e o copo se tornam refeição, conversa e cultura. Pela mão do chef Ljubomir Stanisic fazemo-nos ao caminho, numa proposta que casa o vinho com a combinação de ingredientes que compõem o prato.

Para começar, o carabineiro sobre risotto de açafrão degustado enquanto ainda penso na elegância aromática do Quinta do Monte Xisto 2013. Talvez seja o facto das uvas crescerem num lugar improvável, talvez seja o cuidado e o rigor dos enólogos, ou talvez apenas o resultados das coisas feitas com o coração. Seja como for, este é um tinto para momentos especiais. Como especial é o prato de carne maturada e batatas em várias texturas que há-de harmonizar em pleno com o rei do almoço: o aroma floral e a mineralidade do Quinta do Monte Xisto 2013 pede sabores fortes que o bonito prato do chef Ljubomir Stanisic contextualiza na perfeição.

Quinta do Monte Xisto 2013, Bistro 100 Maneiras Quinta do Monte Xisto 2013, Bistro 100 Maneiras

Na partilha das memórias de João Nicolau de Almeida e nos seus planos para a reforma, encontramos de novo este projecto de família. Para o futuro fica a promessa de outros Quinta do Monte Xisto e novos vinhos. Com a sala em mil conversas cruzadas, é tempo de adoçar a boca com o almoço a caminhar para o seu fim.

Para sobremesa um leite creme com laranja e Rémy Martin, um cognac francês poderoso mas cujo aroma me cativa de imediato. No copo como no prato, ou melhor dizendo no frasco, uma confirmação de sabores e aromas fortes e frescos ao mesmo tempo e o conforto da textura do leite-creme. Ainda há tempo para um crocante de caramelo e Rémy Martin que eu podia comer a todas as horas. De tão entusiasmada, não existem registos fotográficos desta maravilha. Mas existem das imagens de Maria Sottomayor, que apetece ver uma e outra vez. Se possível com um copo de Quinta do Monte Xisto por companhia.

Quinta do Monte Xisto 2013, Maria Sottomayor Quinta do Monte Xisto 2013, Bistro 100 Maneiras