1.2.18
A gastronomia de Bragança e um elogio ao Butelo e às Casulas
Das tradições que fazem a história de um povo há uma boa parte que é explicada pelo caminho trilhado ao longo dos séculos, num acumular de experiência, sabedoria e cultura. Em Bragança leva-se a sério a mesa, mesmo se os tempos nem sempre são de abundância e é preciso usar todos os recursos disponíveis: butelo e casulas são produtos transmontanos que juntos fazem o prato regional que dá nome ao festival que convida a uma visita à Terra Fria.
É pela altura do Entrudo que o enchido que é feito de pequenos ossos tenros se junta às vagens de feijão secas para cumprir a tradição e é também perto do Carnaval que se aproveita a ocasião para provar e para falar na diversidade única dos produtos transmontanos no Festival do Butelo e das Casulas.
Pelas suas origens transmontanas, a chef Justa Nobre faz uso dos enchidos e produtos da região como ninguém e apoia o festival com o seu conhecimento e carinho. No programa deste ano, para além das experiências gastronómicas nos restaurantes aderentes, há ainda uma programação onde se destaca o seu Elogio à Cozinha Transmontana e a apresentação do livro Carta Gastronómica de Bragança, da autoria do historiador Armando Fernandes, onde está plasmada a cultura da terra e os rituais dos bragantinos, os utensílios e a riqueza das receitas destas gentes, num testemunho exemplar que servirá a memória colectiva de gerações futuras.
A receita de Cozido de butelo e casulas (que pode ser apreciado no restaurante Nobre à quinta-feira durante o mês de Fevereiro) é sinónimo de Inverno. No coração de Trás-os-Montes guardam-se segredos seculares na arte da cozinha e alguns dos enchidos mais curiosos do país. A simplicidade de confecção é inversamente proporcional à imaginação colocada na feitura do butelo e na conservação das casulas e merece a viagem até Bragança, numa celebração da terra e do território, da sua cultura e saberes.
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Festival do Butelo e das Casulas
2-13 de Fevereiro de 2018
Bragança