2.3.18

Topo Belém, a nova cozinha portuguesa virada para o Tejo

Topo Belém, Lisboa

Lisboa tem no rio o princípio e o fim dos seus recomeços. As varandas voltadas para ao Tejo fazem da zona ribeirinha um local privilegiado para viver, passear ou partilhar a mesa. No Topo Belém alia-se a localização privilegiada ao conforto de uma carta que revisita a cozinha portuguesa com um olhar renovado. Apanágio também de outros restaurantes do grupo, a vista inspiradora do terraço é servida a par da promessa de sabores e aromas que aqui são mais tradicionais.

Da mão do chef executivo Ricardo Benedito saem propostas que oferecem re-interpretações de clássicos como os peixinhos da terra, numa alusão aos seus homónimos da horta: cogumelos enoki surgem envoltos em tempura estaladiça e servidos na companhia de uma boa maionese de algas. Com o mesmo cuidado e rigor na fritura, chegam à mesa os muito falados pastéis de bacalhau com molho de arroz de feijão. Diz o chef que se trata de uma ideia simples, em que o tradicional arroz de feijão é reduzido a puré que serve como molho. Entre pequenas dentadas e mais um pouco de molho (à colher!), há todo o imaginário familiar de sabores que têm tudo para ficar bem juntos.

Topo Belém, Lisboa
Topo Belém, Lisboa

Se as técnicas podem ser as mesmas e mudar os ingredientes (ou vice-versa), há também lugar para o uso de produtos muito portugueses como a castanha e a carne de caça numa versão de sopa bem-vinda num dia de chuva e frio. Cada colherada de aveludado de castanha e perdiz serve de pretexto para apreciar o espaço idiossincrático em que o restaurante se abre sobre uma das galerias do CCB no andar inferior. É contudo nas janelas corridas que fica o terraço e, não fosse a inclemência da meteorologia, não haveria melhor lugar para almoçar. Mas enquanto não chega o Verão, é bom ficar no interior e namorar os bonitos candeeiros que pontuam o espaço. Da sua luz, fazemos uso quando nos chegam os pratos principais e o sol não está pelos ajustes.

O aromático arroz de javali com castanhas piladas e cogumelos faz certamente os encantos dos amantes dos pratos de caça e é o rei da mesa. A minha escolha de pampo, xerém de coentros e bivalves é talvez menos ajustada ao tempo que faz lá fora mas traz tudo o que me apetece comer: um peixe de pele crocante, sobre a textura de comida de conforto do Xerém e os coentros frescos, na companhia de suculentas amêijoas. Feliz da vida, estou capaz de passar a sobremesa. Ou talvez não.

Topo Belém, Lisboa



Topo Belém, Lisboa
Topo Belém, Lisboa

Partilhar um doce para finalizar a refeição é algo que gosto cada vez mais de fazer. Dirão o gulosos que o que é bom não se divide. Por mim, vou melhor assim. Com a dose certa para acompanhar o café e provar mais do que uma proposta da carta. Tivesse eu que escolher e tudo seria mais difícil... Para mesa vieram um certo Abade de Priscos, o auto-denominado chocolate x3 (apresentando outras tantas texturas) e o curioso bolo tépido de amêndoa e limão e cremoso de caramelo. Colher em riste e decisão tomada: chuva miudinha pede temperatura compensada no prato e a sensação de comer um bolo acabado de cozer é mais um reforço na experiência de conforto que foi o nosso almoço.

Com a carta a mudar do almoço para o jantar procurando seguir as vontades dos comensais, o menu executivo é uma excelente opção para conhecer o espaço. Venham os dias de calor e o terraço há-de ser o melhor lugar também para jantar!

Topo Belém, Lisboa

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Topo Belém
Centro Cultural de Belém,
Praça do Império, Belém, Lisboa