4.12.18
No Eleven a vista (também) é servida com o almoço
Caminha-se pelo jardim até à porta aberta do restaurante Eleven, onde o chef Joachim Koerper faz a sua magia. Nada nos prepara para a vista que da sala nos mostra uma cidade à espera de ser apreciada. Enquanto o almoço é servido há uma Lisboa que se desdobra até ao rio que se faz de luz sem fim e uma calma aparente. É difícil desviar os olhos das amplas janelas emolduradas de verde e prestar atenção ao interior, bonito e sereno, com múltiplos foco de interesse.
Do lado de dentro, é a mesa que finalmente capta a atenção quando o menu é apresentado. O bussiness lunch está disponível nos dias de semana e traz um conjunto de duas propostas à escolha para a entrada e para o prato principal, com amuse bouche e sobremesa a completar menu. Com a inclusão de pratos vegetarianos, mais leves e igualmente cuidados, alarga-se o leque de opções e de razões para ir até ao Eleven ao almoço.
A refeição começa com pequenos pratos para estimular os sentidos. É pela cor e pela disposição cuidada dos elementos que os amuse bouche primeiro conquistam o olhar: Tomate kumato braseado com cantaloupe marinada em vinho do Porto, puré de meloa e grainha de tomate [fotografia de entrada] e Gaspacho de tomate e morango, gel de coentros e melancia. Para acompanhar, o vinho da semana, Conceito 2015. Este branco elegante faz bom uso do terroir apostando numa pureza aromática surpreendente que harmoniza sem dificuldade com o início do nosso almoço.
Com o Outono a chegar, as escolhas do chef mudam para um registo de mudança da estação. Sem perder o brilho e a alegria, as entradas permitem continuar num registo vegetariano com um Ananás em cubos, abacate em tempera e espuma de coco que se apresenta com leveza e sabores delicados. A opção de carne pisca o olho aos aromas outonais com o Pato, puré de beterraba, amora, mirtilo e groselha a convidar a um passeio pela floresta com as suas notas terrosas e de bagas. Roubo duas garfadas do prato vizinho e, entre os dois, fico satisfeita com a minha escolha, pela combinação feliz de ananás, abacate e coco em múltiplas texturas.
Chegado o prato principal, escolhe-se entre peixe e carne. Calha-me em sorte o mais bonito dos pratos, repleto de verde vibrante, o Peixe-galo cozinhado a vácuo, puré de ervilha e manteiga de acelga cumpre cada requisito dos sabores que se dão bem e oferece ao vinho mais uma oportunidade para brilhar. Delicioso!
Para a carne muda-se o vinho e prova-se um curioso tinto biológico da região do Douro Superior: Maritávora nº6 de 2015. O Estufado de bochecha de vitela, puré de castanhas e couve vem acompanhado de um ninho de batata frita e de um jus muito saboroso. É um prato claramente outonal a aceitar em pleno a paisagem que muda e as temperaturas que descem. Ainda a apreciar a vista e a boa conversa, é tempo da sobremesa.
Assim que os pratos são colocados na mesa sucedem-se as expressões de surpresa e admiração. Porque os olhos comem, a primeira reacção é de não tocar em nenhum dos componentes de um prato em que a paleta de beijes se desdobra em inúmeras tonalidades. Amêndoa, flor de laranjeira e baunilha para um bolo amanteigado, bavaroise de baunilha e gelado de mel. Um final perfeito de refeição com direito a fruir um conjunto de reproduções de obras do Museu de Arte Antiga, cuja curadoria permite trazer ao Eleven um pouco do Museu. Entre a arte, a cidade e a mesa não podia haver melhor casamento!
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Eleven Restaurant
Rua Marquês de Fronteira, Jardim Amália Rodrigues
Lisboa