26.3.20
Os vinhos de António Guerreiro numa celebração à Bairrada
Do tempo em que a vida ainda corria com normalidade e almoçar com um grupo de amantes do vinho à mesa de um restaurante bonito era tido como certo.
Corre o início de Março quando nos reunimos no Zazah, no Príncipe Real, em Lisboa, para conhecer melhor e celebrar a Bairrada nos vinhos de António Guerreiro. A cozinha alegre e cheia de frescura do chef Moisés Franco situa-se no ponto de intercepção entre duas culturas irmãs, no exacto lugar onde a alma carioca encontra o coração de Lisboa. Com o desafio de receber e honrar uma das regiões vitivinícolas mais singulares de Portugal, os pratos assinatura do restaurante lisboeta casaram na perfeição com os vinhos bairradinos.
O projecto lançado pelo experiente sommelier António Guerreiro e por Sidnei Gonzalez, criador do Zazah, reúne três vinhos com a personalidade e elegância características da Bairrada: um branco, um espumante e um tinto, com os dois últimos a mostrar todo o potencial da Baga, a casta-rainha desta região.
É com um copo de espumante António Guerreiro Bruto 2017, de linda cor e acidez impecável, que nos sentamos para provar o couvert e os já famosos Croquetes do Zazah, com alheira e parmesão. Produzido com 60% Baga e 40% Arinto é uma visita virtual ao terroir a que este vinho chama casa e um clássico Bairrada. As escolhas de António Guerreiro resultam de uma parceria com as Caves Messias e a enologia dos vinhos está a cargo de João Soares.
Em seguida é a vez de receber o António Guerreiro Branco 2018, composto pelas castas Maria Gomes e Bical, mineral e fresco. Escolhido a dedo para acompanhar o Ceviche de corvina portuguesa fresca, marinada no tradicional leite de tigre com chips de batata doce não deixa ninguém descontente. E não é sempre fácil a harmonização com um ceviche! Numa saudável competição entre os dois vinhos provados, discute-se qual oferece melhor palco ao prato seguinte: o “Escondidinho” de Bacalhau, com pimentas vermelhas, cebola, batata, salsa e queijo gratinado. Uns elegem o branco, outros o espumante, com António Guerreiro a confidenciar que as mesmas questões tinham sido tidas aquando do planeamento da harmonização enogastronómica. Não que seja verdadeiramente um problema quando se tem um branco e um espumante como estes.
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Com a chegada do António Guerreiro Tinto 2017 faz-se a homenagem plena à Bairrada, tratando-se de um monocasta produzido apenas com a casta Baga. É melhor companhia a para a Vazia maturada, confeccionada primorosamente pelo chef Moisés Franco e que pode ser servida com diversos acompanhamentos. Um par feliz, numa ligação ente prato e copo a fazer o encanto de apreciadores de carnes aturadas e vinhos com perfil diferenciado.
E porque tudo deve terminar com uma nota doce, voltamos ao espumante, numa espécie de círculo perfeito, para desfrutar de Três Marias, sob a forma de delicados cones de brigadeiro de chocolate negro e branco, com flor de sal. Disponíveis em garrafeiras seleccionadas e no restaurante, os vinhos António Guerreiro esperam, no futuro, alargar a outras regiões o seu portfólio. É de prever que a carta versátil do Zazah encontre novamente combinações bem sucedidas e pares certos para vinhos alentejanos, do Douro ou outra região a descobrir pela mão conhecedora de António Guerreiro.
A vida vivida à mesa do restaurante segue dentro de momentos.
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Zazah
Rua de São Marçal, 111,
Lisboa