17.7.19
No Bago du Vin há vinhos, queijos e enchidos especiais para harmonizar
Aproxima-se mais um fim de tarde de Verão luminoso quando entramos no Bago du Vin para uma harmonização enogastronómica. É no winebar do Intercontinental Cascais-Estoril que procuramos as combinações mais afortunadas para as referências seleccionadas de entre os vinhos de produtores escolhidos a dedo e os não menos especiais queijos e enchidos de proveniência igualmente cuidada.
O desafio escreve-se nas linhas do copo que se cruzam com o prato (ou tábua) mas é a vista que primeiro nos rouba o coração. Pudesse o oceano Atlântico ter um cognome e seria escolhido entre o encanto e o feitiço que dele sempre resulta para quem se fixa no azul sem fim.
Incapaz de desviar o olhar da imensa massa de água a perder de vista, é a chegada à mesa da tábua de queijos e enchidos que desperta a curiosidade dos outros sentidos. O aroma característico dos queijos chama a atenção e abre o apetite para a harmonização que está prestes a iniciar-se mas não cala a curiosidade sobre os conteúdos dos pequenos potes que acompanham a tábua. São molhos de diferentes ingredientes que devem acompanhar cada queijo e que somos convidados a combinar à medida da vontade de cada um. Dos pimentos coloridos com cebola, ao tomate fresco, há ainda a doçura do milho para calibrar o paladar.
O primeiro queijo vem de Alcaria, Fundão: é um Beira Baixa V.O.C. (Vaca, Ovelha, Cabra) cujo sabor, bem presente mas ao mesmo tempo delicado, é indicado para casar com o Arinto de Bucelas, Viúva Quintas 2015, e os seus aromas minerais e cítricos. Ainda de olho na câmara de frio que alberga a charcutaria e os queijos, há um stilton com cranberries que não pára de nos chamar. Incapazes de não o provar, chega à mesa um prato com um desafio complementar. Será ele um par perfeito para os vinhos que hão-de vir?
É com um vinho do Dão de 2015, de seu nome Vidente, que seguimos para um registo diferente onde se sente a presença da sua passagem por madeira ainda que seja a fruta que prevalece. Com as castas da região bem a afirmarem a sus identidade, testamos o perfil muito aromático do vinho com o Presunto Ibérico, cura de 42 meses e integralmente de bolota. Do agrado de muitos dos presentes, é uma harmonização mais convencional em que copo e prato se reforçam mutuamente.
Ainda no domínio dos tintos, e aumentando a parada no que à intensidade e corpo diz respeito, o segundo tinto da tarde é um Quinta dos Termos Selecção 2014 da Beira Interior. Feito a partir de um blend diversificado de castas (Trincadeira, Rufete, Jaen e Touriga Nacional) é um vinho elegante que combinamos com o Paio do Lombo de Porco Preto fatiado no momento. Recorrendo de novo aos fresquinhos de molhos, é com o de pimentos que encontramos maior harmonia entre o vinho e o enchido.
O último dos vinhos escolhidos para a nossa harmonização é um excelente Villa Oeiras, 7 anos. Este vinho de Carcavelos é o bom exemplo dos licorosos nacionais menos conhecidos e que merecem toda a nossa atenção. De cor clara e luminoso, o seu aroma identitário remete para as condições atlânticas presentes também na vista da nossa mesa. O seu doce muito equilibrado com a acidez oferece-se como boa companhia para o queijo Manchego que compõe a proposta de harmonização. Muito bom!
E o Stilton com cranberries? Bem, a verdade é que não chegou ao vinho de Carcavelos e a melhor harmonização foi precisamente o Viúva Quintas 2015 com que iniciámos a prova. A escolha do sommelier seria um espumante rosé e, já sem capacidade de provar outro vinhos, prometemos voltar para essa nova aventura. Com mais um olhar pela vista ainda mais bonita no final do dia, esquivamo-nos ao adeus e dizemos até já.
--
Bago du Vin, Gourmet Bar & Terrace
Hotel Intercontinental Cascais-Estoril
Avenida Marginal, 8023, Estoril, Cascais