20.10.23

Lavradores de Feitoria e o poder do tempo nos vinhos brancos

Lavradores de Feitoria: o poder do tempo nos vinhos brancos

Pode o tempo ser o ingrediente secreto dos vinhos brancos do Douro? A questão colocada por Paulo Ruão, director de enologia e responsável pelos vinhos Lavradores de Feitoria, tem a resposta pronta no copo. À medida que a prova decorre os vinhos mostram a sua evolução ao longo dos anos e apresentam argumentos para o reforço de uma nova tendência que valoriza os brancos com potencial de envelhecimento.

O terroir do Douro, com os seus solos e orografia aliados a condições climatéricas especiais, caracteriza-se por uvas que dão lugar a vinhos com grande capacidade de evolução em garrafa. É o caso da casta Viosinho que dá corpo ao 3 Bagos 2022 (em cima), juntamente com as castas Gouveia e Rabigato para um vinho de lote. Com a fermentação em inox e barrica e o estágio de 6 meses em carvalho francês, descobrimos um vinho com frescura, estruturado e muito gastronómico, a pedir companhia à mesa. Em comparação com o 3 Bagos 2016, um vinho com o mesmo processo de vinificação, encontramos maior complexidade aromática e na boca, com aromas de favo de mel e maior suavidade. Já o 3 Bagos 2013, servido decantado com expressa indicação para arejar, oferece uma experiência rica, com riqueza em boca, a manifestação de aromas a laranja e uma evolução que confere complexidade e profundidade ao vinho. Ao longo de quase uma década do mesmo vinho (com alterações pontuais) verifica-se a passagem do tempo, que traz consigo diferentes expressões e uma abordagem sensorial distinta, com a prova dos 3 vinhos a mostrar a sua evolução em garrafa.

Lavradores de Feitoria: o poder do tempo nos vinhos brancos

Para continuar a reflectir sobre o potencial de guarda dos vinhos do Douro, chega o momento de provar o monocasta Meruge (100 % Viosinho), proveniente de duas vinhas velhas a mais de 500 m de altitude. Com a colheita de 2021 recentemente lançada no mercado, este é um vinho marcado pelo perfil aromático da casta Viosinho, boa acidez e complexidade decorrente do estágio em barricas de carvalho português (sem tosta), durante 6 meses. Num paralelo com o Meruge 2016, que apresenta igual processo de vinificação, o paladar ganha aromas de especiarias, uma excelente estrutura e mineralidade, que se concretiza numa degustação especial. Com viagem até ao início da década passada, o Meruge 2010 (servido decantado) surge com o seu perfil aromático diferenciado, pleno de vida e capacidade de proporcionar prazer a quem com ele se cruze no copo.

Provados os vinhos, fica também confirmado o potencial de envelhecimento dos vinhos brancos do Douro, com a promessa de bons momentos e a descoberta de vinhos surpreendentes.

Mas havia ainda uma surpresa.


Lavradores de Feitoria: o poder do tempo nos vinhos brancos

Como prova da generosidade do terroir duriense, o Bagos Riesling 2017 vem mostrar como castas estrangeiras encontram o seu lugar e se desenvolvem na região do Douro. Resultado de experiências nas vinhas da Casa de Mateus com a casta Riesling, esta novidade é lançada por Lavradores de Feitoria com a garantia de continuação nos anos que se seguem e a consolidação da nova marca. É um vinho muito gastronómico, fiel ao perfil aromático da casta (com o aroma apetrolado característico) e muito fresco. A (com)provar!